Cir. Pós-Obesidade

PÓS-CIRURGIA BARIÁTRICA (Pós-Cirurgia de Gastroplastia )

A cirurgia bariátrica firmou-se nos últimos anos como uma alternativa importante para o tratamento da obesidade grau IV (antigamente chamada de “mórbida”) em casos selecionados, que preenchem os critérios de indicação cirúrgica e apresentam resposta inadequada ao tratamento clínico bem realizado.

As técnicas de diminuição do volume efetivo do estômago (gastroplastia redutora) ou de desvio do trânsito gástrico existem há décadas, tendo ficado “esquecidas” por muitos anos. A evolução da medicina, com melhoria dos aspectos pré, per e pós-operatórios, tais como investigação diagnóstica e preparo prévios mais efetivos, procedimentos anestésicos mais seguros em pacientes obesos, materiais cirúrgicos mais avançados – como por exemplo, os grampeadores gástricos (“staplers”), além dos avanços no tratamento intensivo (CTI) e fisioterápico após cirurgias de grande porte, etc, colaboraram para que estas técnicas cirúrgicas voltassem à tona, satisfazendo uma necessidade premente destes pacientes.

Após diversos estudos e publicações científicas, seguimentos médicos e dados estatísticos confiáveis, o procedimento tornou-se menos temeroso para o paciente e para a equipe, com riscos menores e expectativas mais promissoras para aqueles que tanto sofrem com o “peso” de uma obesidade grave. Atualmente, vários serviços de cirurgia do aparelho digestivo realizam este tipo de tratamento com sucesso. Os casos devem ter indicação precisa, considerando-se não só o índice de massa corporal (IMC), mas também a presença de sinais e sintomas clínicos associados e aspectos emocionais.

Após a cirurgia bariátrica, verifica-se uma perda considerável de peso, variável conforme cada caso, o que quase sempre acarreta mudanças corporais significativas. Os pacientes sentem a necessidade de adequações à nova realidade, as quais envolvem desde auxílio psicológico até a realização de procedimentos plásticos. Assim é que a cirurgia plástica entra neste universo, auxiliando no tratamento complementar do paciente dito “ex-obeso”, devendo também ser indicada em um momento propício e considerando o estado de saúde física e emocional de cada paciente.

As cirurgias plásticas pós-gastroplastias redutoras podem ser realizadas em qualquer segmento do corpo, sendo mais comuns nas mamas, abdome, face e membros, para a correção do excesso de pele e da falta de sustentação cutânea decorrentes do emagrecimento vigoroso.

É importante salientar que como a perda de peso que se segue a uma gastroplastia é geralmente de grande volume e ocorre em um período de tempo relativamente rápido, parte destes pacientes apresenta uma relativa “subnutrição” clínica, com deficiência de alguns elementos nutricionais devida às mudanças no metabolismo. Além disso, algumas variações anatômicas da obesidade permanecem mesmo após o emagrecimento, como a presença de vasos sanguíneos calibrosos no subcutâneo, o que pode ocasionar sangramentos importantes durante os descolamentos dos tecidos. Consideram-se, ainda, os delicados aspectos emocionais envolvidos neste tratamento, indo de estados depressivos a expectativas irreais de resultados.

Dessa forma, fica evidente que na maioria dos casos não é possível realizar todas as cirurgias de uma só vez, devendo-se programar uma sequência de tratamento com tempo suficiente para recuperação entre um procedimento e outro. Cada caso deve ser examinado cuidadosamente, realizando-se uma programação individualizada, considerando-se as possibilidades reais de melhora e a segurança dos procedimentos. Apesar do interesse estético, estas cirurgias têm caráter reconstrutivo e o objetivo maior de melhora da função, proporcionando conforto físico e psíquico para estes pacientes.